A liberdade é dos filhos
Frei Gabriel de Santa Maria Madalena, OCD
A liberdade não é dos escravos, mas dos filhos. "Se, portanto, o Filho vos libertar, sereis verdadeiramente livres" (Jo 8,35). Sedento de liberdade, precisa o homem moderno compreender que a verdadeira liberdade encontra-se somente em Cristo.
"A verdadeira liberdade – ensina o Concílio – é no homem sinal altíssimo da imagem divina" (GS 17). É a liberdade do homem, simples reflexo da liberdade infinita de Deus. Deus é livre de modo absoluto; o homem, de modo relativo. Consiste a liberdade de Deus em poder fazer livremente todo o bem que quer; e a liberdade do homem, na "escolha livre do bem" (ibidem). Tanto mais livre é o homem quanto mais capaz de escolher e fazer o bem. Mas o pecado feriu o homem na sua liberdade: obscurecendo-lhe a mente, tornou-lhe difícil conhecer a verdade, discernir com rapidez o bem do mal. Daí se seguiu o extravio da vontade que, muitas vezes, se inclina a escolher o mal em vez do bem. "Que homem infeliz sou eu!", grita São Paulo, considerando quão difícil ao homem é fazer todo o bem que quer. Mas logo acrescenta, cheio de esperança: "Graças sejam dadas a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor!" (Rm 7,24-25). Somente Cristo pode libertar o homem deste triste estado de escravidão, fruto do pecado, pois que, "morrendo, destruiu a morte" causada pelo pecado (MR).
Mas para gozar em plenitude a liberdade que lhe oferece Cristo, deve o homem confiar nele, deixar-se iluminar por Ele, Verdade encarnada, e traduzir na vida e nas obras sua palavra. Libertado do pecado, deve valer-se da liberdade que Deus lhe deu e que Cristo lhe restituiu, para servir a Deus, para servir a Cristo no amor. Deus, liberdade infinita, é amor! Livre é o homem na medida em que se transforma no amor, isto é, na medida em que se torna capaz de amar a Deus e o próximo. "Vós, irmãos, fostes chamados à liberdade – escreve São Paulo aos Gálatas. Não abuseis, porém, da liberdade como pretexto para prazeres carnais. Pelo contrário, fazei-vos servos uns dos outros, pela caridade" (5,13). Deve a liberdade servir ao amor e o amor autêntico é, por sua vez, generoso e desinteressado serviço a Deus e aos irmãos.