O utilitarismo
Pode-se resumir a doutrina utilitarista pela frase: "Agir sempre de forma a produzir a maior quantidade de bem-estar". O que interessa para o utilitarismo são as conseqüências que os atos geram. Se uma ação ou omissão não gerará bem-estar, não serve para o homem, é inútil, não tem utilidade. Por exemplo: fazer jejum gera fome, tira a sensação de bem-estar, portanto é inútil para o ser humano.
Para o utilitarismo, não importam as motivações da pessoa, mas sim os fins que suas ações geraram. Por exemplo: Renata e José pertencem a um mesmo grupo de oração. Sem José saber, Renata descobriu que José está vivendo determinada situação de pecado. Durante a oração no grupo, Renata proclama exatamente a situação em que José vive, o que leva este irmão a se arrepender e procurar não mais viver essa situação de pecado.
Para uma pessoa utilitarista, não importa se Renata não agiu corretamente, importa que José se converteu.
Mas isso é contra a moral cristã. O Catecismo da Igreja Católica, em seu artigo 1753, ensina que: "Uma intenção boa (por exemplo, ajudar o próximo) não torna bom nem justo um comportamento desordenado em si mesmo (...). O fim não justifica os meios." O utilitarismo é hoje adotado como doutrina de sustentação de várias tendências que vão de encontro à mentalidade evangélica, contrárias à moral cristã.
Como dizia João Paulo II, na Carta às Famílias, em 1994, "o utilitarismo uma civilização da produção e do desfrutamento, uma civilização das "coisas" e não das "pessoas"; uma civilização onde as pessoas se usam como se usam as coisas. No contexto da civilização do desfrutamento, a mulher pode tornar-se para o homem um objeto, os filhos um obstáculo para os pais, a família uma instituição embaraçante para a liberdade dos membros que a compõem. Para convencer-se disto, basta examinar certos programas de educação sexual introduzidos nas escolas, não obstante o freqüente parecer contrário e até os protestos de muitos pais; ou então, as *tendências pró-abortistas *que em vão procuram esconder-se atrás do chamado "direito de escolha" (*pro choice*) por parte de ambos os cônjuges, e particularmente por parte da mulher."
Penso de forma utilitarista quando me importo somente com o resultado e não com minhas atitudes em si mesmas; ajo de forma utilitarista quando só busco o que me é útil, para o meu bem-estar, para a minha satisfação. Como dizia o Santo Padre, uma pessoa poderia assim passar a me ser útil ou inútil, como
se fosse um objeto. O que importa é a minha vontade, são os fins que busco atingir ao utilizar aquela pessoa, ao abortar e matar aquela criança, ao me separar de minha mulher, ao não falar mais com aquela pessoa do grupo: o que importa é o meu bem-estar, mesmo que para tanto tenha que "matar" o outro.
Fonte: Álvaro Amorim Consagrado da comunidade Shalom